O ramo alimentício, no Brasil, tem apresentado ótimas perspectivas para os gestores. É o que indicam todos os estudos recentes: a Euromonitor Internacional estimou em pesquisa recente que, até 2021, o mercado de alimentação saudável crescerá 4,41% ao ano.
O food service, no geral, apresentou um crescimento de, em média, 6% no ano de 2014. O índice pode parecer baixo por estar aquém dos dois dígitos esperados — mas, diante do crescimento do PIB, percebemos que o número é favorável e indica a saúde do setor.
No país, a alimentação fora do lar representa 33% dos gastos com comida e bebida. Isso significa oportunidade de investimento para os empreendedores. Mas como ter destaque em um ramo competitivo e aproveitar as tendências para potencializar suas chances de negócio? Listamos as melhores dicas neste guia completo. Acompanhe!
1. O mercado de alimentação no Brasil
Quem vai devagar e segue com tranquilidade chega longe — é o que diz o provérbio italiano chiva piano, va sano e va lontano, adotado como princípio organizacional pela Vapiano. A rede de jantares que domina o mercado de alimentação nasceu em Hamburgo, cidade alemã.
O que essa gigante do setor tem a ensinar para o gestor brasileiro que tenta dar os primeiros passos no empreendedorismo? O principal talvez seja dar ouvidos à sabedoria antiga: ter paciência para alcançar os resultados.
A primeira unidade da Vapiano foi aberta no país em 2012, localizada na cidade de Ribeirão Preto. E o plano era ainda mais ambicioso do que a abertura de uma loja: a ideia da marca era abrir 60 unidades no país em uma década, a partir de 2016.
Isso torna nosso país o segundo maior polo de investimento da rede alemã, sendo antecedido apenas pela China, onde a marca também fez uma entrada recente.
Em 2012, a crise econômica começou a dar as caras por aqui. Gradativamente, a recessão se intensificou, ascendendo o desemprego e reduzindo o poder de compra da população. Com um cenário tão caótico, o que pode ter levado uma grande empresa a fazer apostas no Brasil?
Acontece que, mesmo com a crise, o povo brasileiro não abre mão de boas refeições. O setor tem sido estimulado pelas novas propostas, em especial as comidas saudáveis e naturais. Esse departamento pode ser uma boa opção para o gestor que quer investir no mercado de alimentação.
1.1. O mercado de alimentação saudável
Todo setor passa por adaptações para saciar os anseios de seus consumidores potenciais. A premissa é clara: se há procura, deve haver demanda. Seguindo essa lógica, o Brasil viu crescer a busca da população por alimentos naturais. A mesma Agência Euromonitor indicou que, em 2017, o ramo cresceu 12,3%.
Mesmo diante do desemprego e da remuneração reduzida, boa parte dos brasileiros modificou seus padrões de consumo para incorporar um estilo de vida mais saudável.
Se até então era difícil encontrar produtos naturais nos mercados e o brasileiro ainda resistia à ideia, agora o novo it do setor são alimentos menos industrializados possível. Em 2016, foram contabilizados 93,6 bilhões de reais em vendas desse tipo no país. Um número promissor.
O que antes era referido pejorativamente como “comida de pássaro”, hoje faz parte da dieta dos brasileiros. Grãos, sementes e cereais, além de alimentos integrais, quinoa, linhaça, aveia e oleaginosas, que outrora estavam no cardápio de um público com maior poder aquisitivo, têm ganhado popularidade. O resultado para as empresas que apostam no segmento está cada dia mais animador.
Mesmo nas regiões em que a população local tem menor média de poder aquisitivo, a difusão dos alimentos saudáveis tem levado à abertura dessas lojas em bairros populares, onde, até então, o segmento não era comum. Mais facilidade no acesso a produtos de qualidade para o consumidor; maior oportunidade de investimento para os gestores.
2. Tendências e inovações no ramo alimentício no país
A mesma pesquisa que estimou, para os próximos anos, um crescimento de 4,41% no ramo alimentício brasileiro chamou o país de 5.º mais relevante para o setor. Os números favoráveis reforçam que essa é uma área de excelentes oportunidades para quem quer abrir seu negócio e investir sem medo.
O que mantém o mercado aceso são as inovações. As novidades retêm o público interessado e direciona as ações do setor. Mas quais tendências estão ganhando força no Brasil e merecem a aposta dos investidores?
2.1. Comida saudável
Quando falamos no mercado de alimentação saudável, não nos referimos apenas a comidas sem gordura, com zero glúten ou reduzidos em calorias.
Uma alimentação saudável também diz respeito a refeições leves e frescas — é possível até mesmo tornar a feijoada, conhecida por ser um prato pesado, uma aliada da saúde. O segredo é optar por bons ingredientes, evitando as altas quantidades de sódio, gordura e conservantes.
Aproveitando a tendência do segmento, diversos empreendedores já estão incluindo opções leves em seus cardápios. O sucesso é garantido, já que os brasileiros estão cada vez mais preocupados em levar uma vida longe de alimentos que não sejam frescos. Para todas as horas do dia, é possível oferecer novas opções menos agressivas à saúde.
Valéria Ramos, fundadora da rede Dagosto Bistrô, dá a dica: segundo ela, uma característica marcante do consumidor brasileiro é a eterna busca por uma comida com gostinho de caseira. Não há quem resista a um prato feito com ingredientes frescos, livre de conservantes o quanto possível, com o diferencial da praticidade de almoçar em um restaurante.
Tudo por conta de uma vida cada vez mais abarrotada de afazeres, mas que não desestimula os brasileiros de buscar opções que façam bem ao corpo. Nos grandes centros urbanos, comer bem pode ser um desafio — e é onde os empreendedores devem apostar.
2.2. Conveniência
2015 foi um ano de baixa nas vendas para o varejo brasileiro, com uma queda de 4,3% no faturamento. As lojas de conveniência, por outro lado, atestaram uma alta de 11,5% no mesmo ano. Ao todo, estima-se que essas lojas tenham faturado mais de 6 bilhões de reais. Em dez anos, a ascendência foi de 284%.
O desempenho das lojas de conveniência faz dessa uma alternativa rentável para os gestores. A disputa nas vendas de participação nas grandes redes de combustíveis tem se tornado acirrada. A Alesat, por exemplo, foi comprada pela Ipiranga por R$ 2,1 bilhões.
O diretor de mercado do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis (Sindicom) dá a deixa: segundo ele, o consumidor vai mais vezes ao posto para comprar da loja de conveniência do que para abastecer seu automóvel. O segmento tem se consolidado, especialmente no que diz respeito à venda de alimento. O negócio tem se tornado o foco das grandes redes.
O levantamento do Sindicom mostra que já são mais de 7,3 mil lojas espalhadas pelo país. A Ipiranga, de responsabilidade do Grupo Ultra, é a líder em número de estabelecimentos. Com a última compra, a empresa passou a dominar 30% do mercado, detendo cerca de 2.200 estabelecimentos.
A Sindicom também mostra que o Grupo Ultra lidera quando o ranking elenca o faturamento das lojas de conveniência. Só em 2015, foram 1,8 bilhão de reais arrecadados. A Ale não ficou para trás, faturando surpreendentes 200 milhões em reais. E o segredo do setor? Investir em alimentação, que representa boa parte das vendas realizadas pelas lojas de conveniência que têm crescido.
2.3. Uso de tecnologia
O profissional da gestão se vê na necessidade de adotar rapidez em suas ações sem perder o potencial estratégico, afinal, a companhia precisa estar alinhada ao dinamismo do mercado. Quem otimiza seu diferencial competitivo é quem pode acessar todas as informações necessárias para o desempenho de seus processos — com agilidade, segurança e eficiência.
As obrigações diárias de um gestor são muitas. Por conta do fluxo constante de informações que passam pela organização e também da exigência de rapidez do universo globalizado, todas essas obrigações devem ser desempenhadas mais rápido possível. Essa fluidez só se consegue com a ajuda da tecnologia.
Os softwares vêm justamente para satisfazer esse propósito, dando base para as tomadas de decisão e otimizando os processos administrativos, como gestão de estoques, contato com o cliente e administração financeira do negócio.
A automação trata-se justamente dessa estratégia possibilitada pelas novas tecnologias, alinhando gestão e funcionalidades digitais. Quando adotada pelas empresas, ela ajuda a automatizar as tarefas, otimizando o desempenho de atividades que costumam ser reféns dos erros causados por fator humano.
No seu comércio, a tecnologia pode ajudar não só a reduzir erros, mas a cortar gastos, impulsionar a logística, controlar as vendas, gerir os relacionamentos com clientes e fornecedores, além de otimizar o tempo dos colaboradores.
A tecnologia ainda abriu um novo canal de vendas. Os aplicativos permitem que o consumidor encontre restaurantes em poucos cliques, bastando um smartphone para descobrir o prato ideal e solicitá-lo. Depois disso, é só aguardar a entrega.
2.4. Produções artesanais
Alimentos artesanais são aqueles produzidos em escala reduzida, com ingredientes de primeira linha e tão naturais quanto possíveis. Em alguns casos, são receitas que atravessam gerações familiares. Esses produtos, geralmente, são fabricados em casa, com pouca aplicação tecnológica e, normalmente, sem um local que sirva como ambiente fabril.
É possível crescer nesse setor! Ele tem se tornado uma tendência no Brasil, atraindo olhares curiosos e conquistando seu lugar nas prateleiras do mercado e espaço dedicado em empórios ou restaurantes especializados. Esse setor impacta fortemente o consumidor final por conta do sabor único e pelo delicado trabalho de marca.
Em tempos de intensa globalização, acontece um movimento de busca por identidades visuais cuidadosas e por empresas que apostem no sentimento de unicidade. O cliente quer se sentir relevante para a empresa e o gostinho caseiro das produções artesanais preenche esse desejo.
Trabalhar com produtos artesanais é vender carinho e qualidade. Vale mostrar ao cliente como o produto é feito, expor as matérias-primas utilizadas, ser bem transparente e ser criativo no desenvolvimento da identidade da empresa.
A maioria das marcas desse setor se molda reinventando o tradicional, o artesanal e os apelos sentimentais: amor ao preparo do alimento e alegria no ato de comer.
O mercado de alimentação artesanal no Brasil tem mostrado crescimento e proporciona a entrada de novos produtores, mas a competição é alta. Ser criativo e fazer um bom trabalho na montagem da marca são requisitos necessários para quem quer se destacar.
2.5. Veganismo e vegetarianismo
Criado por Donald Watson em 1944, o movimento vegan vem conquistando cada vez mais lugar nos hábitos alimentares. Essa derivação mais restritiva do vegetarianismo dispensa o consumo de qualquer subproduto animal — como carne, leite, ovos e mel —, defende o direito dos animais e corre atrás de uma vida mais sustentável.
Esse nicho também vem atraindo a atenção dos investidores, indo além do universo vegetariano. Roupas, joias, produtos de higiene, limpeza e cosméticos: os produtos veganos hoje dominam diversos setores.
No Brasil, ainda não foram divulgados dados concretos que ilustrem o número de seguidores da filosofia. Estima-se que 4% da população, cerca de 7,6 milhões de brasileiros, seja de vegetarianos. Muitos deles sendo, inclusive, veganos. Dados do Ipsos, instituto de pesquisa, mostram que 28% dos brasileiros têm tentado consumir menores quantidades de carne.
Marly Winckler é presidente da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) e afirma que o mercado passa por uma nítida ascensão. O grupo presidido por Winckler é responsável por certificar os alimentos e produtos veganos no Brasil, selo que é fornecido diante de um rigoroso estudo da cadeia produtiva, com taxas que variam de 300 a até 1000 reais, variando por conta do tamanho das empresas.
2.6. Orgânico
Os alimentos orgânicos são ricos em nutrientes, são mais saborosos que os convencionais encontrados nos mercados, garantem uma fonte saudável de vitaminas e ainda contribuem para uma vida sustentável, uma vez que os agricultores tratam o meio ambiente com o respeito necessário.
Comparando uma verdura orgânica com aquela tipicamente encontrada no supermercado, a primeira provavelmente será menor e de coloração mais forte. Ao paladar, o sabor é intenso e demonstra a origem natural do alimento.
Quanto à coloração mais forte, essa é a defesa contra as pragas que poderiam causar algum dano. Esse tipo de substância bioativa está mais presente nos alimentos orgânicos. A consequência? Mais antioxidantes para o nosso organismo, substâncias essas que melhorarão nosso sistema imunológico e farão prevenção a uma série de doenças.
Uma das distinções entre o alimento orgânico e o comumente consumido pelos brasileiros é o potencial que ele tem de carregar mais defesas naturais. Não é à toa que cada vez mais empreendedores apostam nessa categoria.
Vale lembrar: os alimentos orgânicos devem carregar um selo de certificação, o SisOrg (Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica). É esse símbolo que garantirá que o alimento oferecido é natural e isento de alterações químicas.
3. O que fazer para ter sucesso empreendendo na área de alimentação
Investir no mercado de alimentação é o sonho de muitos empreendedores. As oportunidades do negócio atraem milhares de empresários para esta área. Esta é a única atividade comercial que marca presença em todas as cidades do Brasil, até mesmo nos vilarejos.
Segundo com dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), o número de restaurantes no país é de 1,2 milhão, empregando mais de 6 milhões de pessoas e fazendo circular mais de 73 bilhões de reais anuais. Em um mercado concorrido e versátil como o da alimentação, só resistem as companhias que sabem gerir bem o negócio.
Separamos as melhores dicas para ter sucesso na empreitada:
3.1. Pense fora da caixa
A inovação é importante para que você alcance o sucesso, já que ela é responsável por surpreender positivamente o consumidor. Com um bom atendimento, você agrada o cliente que preza por ser bem tratado.
Quando o estabelecimento o recebe com inovação, chama a atenção e cria uma relação afetiva, fechando com chave de ouro a experiência de consumo. Estude as melhores formas de inovar e não tenha medo de pensar fora da caixa.
É possível inovar de diversas formas: por meio do atendimento, aproveitando a decoração de seu estabelecimento, inovando no nome de seus pratos, aplicando a tecnologia a seu favor e muito mais!
3.2. Foque em nichos
Oferecer um nicho de culinária é uma estratégia atraente: se o seu estabelecimento for o único da região servindo uma comida mexicana vegetariana, por exemplo, fica fácil agradar os consumidores que estão buscando exatamente por essa categoria de pratos.
Se você está mais interessado em apresentar ao cliente um cardápio que você já testou e comprovou, existem outras várias maneiras de tornar seu negócio atraente para quem passa e apaixonante para seus clientes.
Mas tenha cuidado! Oferecer opções específicas a um público é interessante e atrai a clientela. No entanto, fechar-se completamente em um segmento reduz sua abrangência de público. Releia nossas dicas e invista em um mercado de alimentação que proporcione a ascensão do seu negócio!
3.3. Conhecer os consumidores e suas necessidades
Dizem que a primeira impressão é a que fica, certo? A premissa é verdadeira! Um bom atendimento começa assim que o cliente entra em seu estabelecimento ou liga para fazer um pedido.
A verdade é que não importa a qualidade da comida se a experiência de compra for negativa. Fazer a gestão dos colaboradores é essencial para otimizar o atendimento. Se ele não está dentro do esperado, o cliente não retornará ao local e, certamente, comentará o ocorrido com seus amigos que, influenciados pela opinião negativa, podem deixar de consumir do seu estabelecimento também.
Por isso, o bom atendimento é um dos pilares do sucesso de qualquer negócio. Para oferecer qualidade na prestação de serviços ao cliente de seu estabelecimento, conhecer seu consumidor é essencial. Assim, registre o tíquete médio, os hábitos de consumo e as preferências de seus consumidores.
4. Como entrar no mercado
O ramo da alimentação é atrativo para os novos investidores. Mas como o investidor iniciante pode começar a adentrar esse segmento? Listamos as opções nas quais vale a pena apostar!
4.1. Abrir negócio próprio
Uma opção para quem quer adentrar o mercado é abrir o negócio próprio. Nesse modelo de investimento, o empreendedor tem completa liberdade para criar sua identidade visual, definir os princípios organizacionais, sua cultura empresarial e modelar suas estratégias.
A dificuldade desse segmento é estabelecer sua credibilidade no mercado. É preciso começar um empreendimento do zero, conquistar o interesse do consumidor, conduzi-lo pelo funil de vendas e torná-lo um cliente fiel da marca. O processo exige investimento e paciência — mas é gratificante ver sua marca crescer no mercado.
4.2. Investir em empresa
Uma opção para o investidor que quer movimentar o mercado de alimentação sem correr grandes riscos é investir em uma empresa. Nesse molde, o empreendedor deposita recursos em uma empresa que está em atividade no ramo. O ponto negativo é que não há autonomia nas tomadas de decisão. Por outro lado, os riscos são mínimos.
4.3. Abrir uma franquia
O franchising tem crescido bastante no Brasil. Só no primeiro trimestre de 2015, o aumento foi de 9,2%, se compararmos os números aos do ano anterior. O resultado da pesquisa indica o sucesso desse sistema e mostra porquê ele tem se tornado foco de investimento dos empreendedores.
O crescimento das franquias se deve aos vários benefícios do modelo. Entre eles, a potencialização das chances de sucesso e o curto tempo para obter retorno sobre o investimento. Além disso, o empreendedor se aproveita do nome da marca já consolidada no mercado de alimentação e do proveito das experiências testadas e aprovadas pela empresa franqueadora.
Com tantos indícios de que o mercado de alimentação está em crescimento, especialmente as categorias de comidas saudáveis e sem conservantes, vale a pena apostar no segmento. O Sebrae aponta o segmento como um dos mais promissores. Para outros consultores, o ano de 2018 é o momento ideal para investir em uma empresa desse perfil, apostando na tendência que promete dominar nos próximos anos.
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